Faz um tempo, participei de uma banca de
qualificação de mestrado, no qual o tema era a
posição brasileira na discussão de um tema
análogo a esse. Fiquei surpreendido que, numa
instância acadêmica, se tomasse o discurso da
diplomacia como se fosse uma manifestação
substantiva e clara de interesses nacionais. E
sugeri: não se abandone a análise do discurso: é
na retórica forense, na tópica, que se encontrará
a teia real do interesses em jogo.
Faz quase trinta anos que me abriram os olhos
para o que é uma discussão diplomática. Fora a
sinuca, talvez não haja situação mais clara onde
se mirem as bolas para o lado diverso, e se conte
que com o rebate e o repique para se chegar na
caçapa. Indirectness is the virtue. Enviado pelo INPI para
a discussão do Código de Conduta para a
Transferência de Tecnologia na UNCTAD, cria em
que a pauta brasileira era aberta e clara, e pelo
terceiro dia fui chamado na Delegação Brasileira
em Genebra e instruído nas verdades da vida. Creio ter aprendido.
Depois, tive um enteado que era surfista. No que
ele me dizia sobre a natureza da relação entre a
prancha e a onda reencontrei muito das lições de Genebra.
Faz dez dias atrás, voltei de um período extenso
em Genebra. Continua o torneio de sinuca, aquele
que Tayllerand já jogava. Nosso ótimo Nuno Pires
de Carvalho, no entanto, falando do tema que
andam tecendo, usou da
franqueza que lhe é de estilo: "Se alguém acha
que se vai mudar a Convenção de Paris e TRIPs
para patentes verdes, pode esquecer." Pois é: há
tantos adereços de mão e acessórios de luxo a
serem considerados antes do sistema de patentes,
que a discussão se presta mesmo é a bola sete.
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